CRÍTICA | Represália - Episódio 1


Excelente nível de edição e um suave gosto por longos diálogos marcam a estreia satisfatória de Vityyon.

Represália - Episódio 1
Crítica por .Carioca

(esse texto contém spoilers)

Esta resenha vai ignorar todo o contexto no qual esta série está envolvida. O foco é a produção em si, seus acertos e defeitos, enquanto episódio piloto, que marca a volta da Pixel Films ao atual e disputadíssimo mercado do Cinema Habbiano. Dirigido pelo estreante Vityyon, - aspirante a grande revelação do ano, assim comenta-se nos bastidores do cinema - Represália trata de um justiceiro em busca da vingança pela morte de sua filha.

A premissa, inicialmente se demonstrando comum e nada inovadora, acontece em dois países, Brasil e Inglaterra. O protagonista, Hesh, pouco diz sobre si mesmo, assim como também o episódio inteiro se restringe a falar sobre o passado, mais precisamente sobre os acontecimentos que levaram à morte da filha. O que acaba deixando a dúvida sobre o momento de ascensão de Hesh como um justiceiro conhecido e procurado por toda a Inglaterra.

Apesar do enredo ser simples em geral, o que traz um toque especial é o próprio estilo que o diretor investe na obra, fazendo essa ter um tom de filme britânico, principalmente de filmes de espionagem - muito me lembrou longas como O Espião que Sabia Demais, 007, etc. - com longos diálogos e cores em tom neutro. Os cortes rápidos, principalmente nos momentos de diálogos tensos, aumentam o ritmo da cena e elevam a qualidade da montagem que prioriza excelentes planos, e que valorizam a construção da cena e dos personagens.

Fica perceptível que o diretor se utilizou de um roteiro tecnicamente fraco e usou as imagens - principal objeto da linguagem audiovisual - para realmente contar a história que quer. Enquanto muitas produções habbianas - inclusive algumas consideradas excelentes e memoráveis - podem ser transformadas em radionovelas sem a necessidade de adaptar, Represália nada contra a maré e mostra que sabe utilizar e manipular estilos gráficos, técnicas de montagem e afins, para criar uma real experiência cinematográfica.

Como diz o ditado: "os fins justificam os meios". Vityyon não apostou em um roteiro bem elaborado, nem mesmo personagens marcantes, com desejos e caráter bem esclarecidos, e ainda assim fez um bom trabalho. Mas fica aqui a lição de casa para os próximos episódios, é preciso encorpar mais a história, dar mais relevância a busca do protagonista para que não seja algo tão usual no cinema, e por fim manter o estilo visual que sustentou esta estreia do inicio ao fim.
Bom

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