CRÔNICA | O Arretado do Agreste


 O Arretado do Agreste
Crônica por .Carioca

Hoje vamos conhecer a história de Lúcio, "O Arretado do Agreste". Lúcio mora numa comunidade muito peculiar, aqui raramente se vê um rosto novo, ano após ano as mesmas pessoas formam essa linda sociedade. Entretanto, Lúcio nem sempre fez parte dessa comunidade, ele é um desses raros casos que chegou assim do nada, talvez vindo de outras comunidades menos favorecidas e com pessoas nada agradáveis, mas ninguém sabe.

O que ninguém sabe também é que Lúcio sofre de uma doença chamada Transtorno de Personalidade Histriônica. Nem mesmo ele sabe disso, mas não tem problema, pois muita gente nessa comunidade compartilha dos sintomas dessa doença, apesar de não sofrem de fato dela. Você deve estar se perguntando que raios é Transtorno de Personalidade Histriônica, e eu explico: entre algumas definições a que nos interessa é a necessidade de chamar atenção para si

Pobre Lúcio. Sua rotina é sempre a mesma, ele acorda e já sente falta, ou melhor, se sente na abstinência de atenção e muitas vezes de apreciação também. Mas vocês não precisam se preocupar com ele, embora seja uma doença que dificulta a vida social ainda assim ela não torna seus portadores sociopatas, anti-sociais, etc. Mas com certeza dificulta o convívio.

Nosso querido Lúcio trabalha em uma empresa muito famosa dessa comunidade. Apesar da fama ela não é a melhor, apenas é a que lança mais produtos com mais frequência. Contudo, como um fiel funcionário e doente mental, Lúcio defende sua empresa como a melhor. E junto dele outros funcionários fazem o mesmo. Até aqueles de outras empresas possuem esse espírito competitivo bastante aflorado, excelente para buscar melhorias e mais habilidades. Infelizmente Lúcio é uma pessoa doente, que necessita de muita atenção, então essa competitividade faz com que ele se torne muitas vezes uma pessoa insuportável, buscando insaciavelmente elogios e atenção alheios.

Pra piorar, muitos nessa comunidade não gostam de Ricardo, incluindo logicamente nosso herói e amado Lúcio. Ricardo é de uma empresa rival, e não possui papas na língua. Ele não vê problema em dar sua opinião sobre diversos assuntos e até ai está tudo bem. Acontece que muitas pessoas se ofendem com as opiniões de Ricardo por muitas vezes ele ser ríspido em suas palavras, e isso o torna alvo de muitas críticas.

Como em qualquer rivalidade as críticas se tornaram ataques, mas não pararam no Ricardo, elas se estenderam para a empresa onde ele trabalha, incluindo as decisões que são tomadas internamente. Lúcio e mais algumas pessoas com o sintoma de necessidade por atenção gostam de se intrometer no que é feito na empresa alheia em vez de cuidar de seus próprios produtos e empresas que não são perfeitos, e não chegam perto disso. 

Por mais que algumas pessoas tentem convencer Lúcio e sua trupe de que sua intromissão não é saudável, a doença o faz pensar ao contrário. Ele sente que é preciso fazer, falar, acusar, apontar, e seja lá mais o que for para ter atenção de todos, como se já não fosse irritante o bastante Lúcio querer demasiados elogios ao seu produto.

E assim segue os dias da vida infeliz e triste de Lúcio. Confundindo a liberdade de expressão com direito de ataques pessoais, parece até que nosso admirável amigo Lúcio é o dono da razão e que ninguém além dele sabe como gerir uma empresa e funcionários. Fazendo parecer que os funcionários dessa empresa rival estão lá contra vontade própria, que são vítimas de um escravocrata perverso, que passa o dia inteiro açoitando os pobres coitados. Esse Ricardo deve amedrontar muito mesmo seus funcionários, pois nunca vi nenhum deles abrir a boca pra reclamar da maneira que Lúcio faz. 

A gangue de Lúcio gosta de enfatizar o quanto Ricardo é falso por "falar pelas costas", depreciar o trabalho de outrem, destruir a imagem impecável da imparcialidade de integrantes antigos da comunidade, entre outras coisas. Seria curioso o dia que Lúcio e os outros enfatizassem o fato de fazerem o mesmo, "comentando" - pra não falar outra coisa - sobre o que é feito na empresa rival e como deveria ser, pedindo até a saída de Ricardo. Parece que Lúcio se tornou sócio da empresa rival e ninguém ficou sabendo, não é mesmo?

Mas quem sou eu para julgar Lúcio, aquele que ilumina nossos corações com belas palavras, filosóficas, bem pensadas, muitas vezes tão inteligentes que minha mera capacidade mortal de raciocinar não é capaz de acompanhar a mensagem. Sim amigos, sou apenas um narrador que fui abençoado com a honra de contar a história de um pobre doente mental com muito a oferecer com sua genialidade verbal. Esse é Lúcio. O dono da verdade. O guardião da razão. O protetor da lei. O arretado do agreste.

Texto escrito por .Carioca

Comentários

  1. Essa cronica é baseada em fatoa reais?! Hahaha

    ResponderExcluir
  2. Esse Lúcio é minha cara... kkkkkkkkk (Sou eu ctz)

    ResponderExcluir
  3. Oi, Cari, gostei da crônica. Inclusive, tenho uma ideia para a próxima: O BICHO DO MATO. Perfeito para um certo diretor patriota. abçs

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Este é um espaço de debate saudável por isso respeite qualquer membro da discussão. Sendo assim, a mensagem que contenha ofensas à integridade físico-psicológica de qualquer pessoa irá ser providencialmente eliminada.