CRÍTICA | O Asilo - Episódio 3


O resultado de uma obra inacabada.

O Asilo - Episódio 3
Crítica por .Carioca

Mesmo após ter encerrado oficialmente suas atividades enquanto produtora, a Folha de Pixel permanece viva com as sobras e restos de uma época ultrapassada do cinema habbiano. Não digo isso de forma pejorativa, mas sim constatando um fato indubitável: vivemos num momento de curar as feridas e esconder as cicatrizes. O cinema passou por um período de seca, não houveram produções por meses e o que deu inicio à chamada crise foi justamente o fechamento da Folha de Pixel. Seus diretores, até então os melhores e mais famosos, não tinham mais tempo para produzir, e o cinema como qualquer outra indústria não se sustenta pelas boas memórias. Ou há algo novo ou não há mais nada. E assim foi.

Porém antes de tudo isso, a produtora, popularmente conhecida pela abreviação FP, era de fato muito poderosa tratando-se de referência. Não é exagero nenhum dizer o quanto a Folha ditou os caminhos, gêneros, trilhas, enredos, etc que o cinema como um todo deveria seguir. Assim como uma nova escola literária vem para contrariar e trazer uma nova forma de pensamento em relação a escola anterior, a FP foi pra um caminho completamente diferente do que nos acostumamos a ver nos tempos de ouro da Pixel Movies, onde eram supervalorizados os gêneros de fantasia e ficção, efeitos visuais deslumbrantes, trilhas sonoras de filmes épicos... Em contrapartida a Folha mostrou que era possível chamar a atenção do público com roteiros mais maduros - Le Secret, Golden's Peak e Like a Virgin são ótimos exemplos disso - e com gêneros diferenciados como o policial (O Recluso, Sem Limites) e o terror/suspense (Behind The Door). Entretanto, uma produção em especial continuou seguindo o "cinema de autor" que seu diretor sempre fez questão de ter. O Asilo de Apegavel segue na linha de suspense que o diretor aprimorou com a sua primeira produção, O Chamado de Samara.

O que sempre mais gostei no estilo único do diretor - conhecido como o Mestre do Suspense do cinema habbiano - é a experimentação que o mesmo utiliza, nunca segue um padrão, mas algumas características estão sempre presentes como por exemplo a auto-paródia, a ótima construção de diálogos, e principalmente o humor sádico - como adaptar um filme de comédia para o habbo em forma de terror <O Chamado de Samara - Parte 1> - que é tão bem usado por Apegavel como sua principal ferramenta para a construção do ambiente aterrorizador e do suspense inteligente - não esquecerei nunca a cena inicial do primeiro episódio de O Asilo com a famosa música "Dominique".

Contudo até mesmo mestres podem falhar, e Apegavel falhou miseravelmente neste terceiro episódio, e digo isso pois poderia ser evitado. Mesmo sem tempo hábil para se dedicar à sua produção de maior sucesso, o diretor queria dar continuidade a obra e satisfazer a vontade dos fãs. Numa corrida onde o prêmio era o fracasso, o Mestre chegou em primeiro. A metade inicial do episódio é constituída de tudo menos daquele excelente "cinema de autor" em que Apegavel se sustentou durante toda sua carreira. Chroma, ações do personagens, cortes, a montagem, tudo muito mal feito e deixando visível a pressa com a qual foi finalizado. Não é mais o suspense que deixou a série popular, é agora uma fútil história de gato e rato que já cansamos de ver por aí.

Todavia, um diretor do porte de Apegavel não poderia entregar nada que não pudesse se aproveitar algo, e é na segunda metade do episódio que vem a redenção. Bons diálogos dão ao clímax uma tensão muito satisfatória, apesar do baixo som do áudio que com certeza ajudaria mais. Frases de referência entre personagens e até mesmo momentos da cronologia da série trazem de volta ares de um suspense digno de Apegavel, que infelizmente não foi o suficiente para disfarçar legendas em diferentes tamanhos, cenários pobres, policiais incompetentes, etc.

Tudo indica que o próximo episódio será o último, mas espero que tenha sido este o último em que Apegavel pensou que entregar algo inacabado só pelas expectativas seria uma boa ideia. Quero continuar me surpreendendo com a boa história que vinha sendo contada e que a vingança não seja o único propósito da série, e nem que perguntas como "Quem morreu?" apareçam novamente para testar meu intelecto ao entender ou não que não se sabe o que aconteceu... Por favor né Apegavel? Você é bem melhor do que isso.

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