HABBO | Crítica: Pain

A dor e o sofrimento adolescente segundo :Conrs.

Pain

Crítica por Francisco Fernandes

(essa crítica contém spoilers; recomendamos a assistir apenas depois de ver o filme)

:Conrs explicou e associou a sua saída com a Folha de Pixel com o poder evoluir mais antes de trabalhar na vencedora do Pipoca de Ouro como melhor produtora. Decidiu fazer as malas, colocar a bagagem bem guardada e travar uma jornada até à sua nova casa, a Cine Pixel. Não é que lhe tenha feito completamente mal o fato de mudar porém já era hora do diretor pensar antes de lançar um filme. 

Sem Limites foi mal sucedido e esperava-se que :Conrs olhasse para o que tinha visto, lesse as críticas com atenção e corrigisse os erros; seria perfeito se fizesse isso, mas lamentavelmente, o diretor faz o contrário, cria uma história cheia de falha emaranhadas e acaba por deixar a esperança morrer nos braços da Cine Pixel.

Pain era um filme promissor - não que não venha a ser se tiver continuação - mas :Conrs não se preocupou o suficiente. Estando trilhando o seu caminho no cinema era necessário um cuidado elevado com a produção, afinal não falamos apenas do público gostar mas do nome do diretor. No decorrer do filme, :Conrs deixou bem claro que vai mudar o estilo em que já tinha colocado a imaginação. Dessa vez ele trabalha com um drama adolescente onde a protagonista, inconsciente; não há outro adjetivo para descrever, é raptada/sequestrada sem se saber por quem. Voltando um pouco atrás a trama começa com a chegada de um professor substituto à escola onde Lily estuda. E é aí que vem o maior furo no roteiro e onde, curiosamente, :Conrs mais errou. Após o professor começar a sua função de lecionar a protagonista consegue um encontro; um encontro com um professor que ela nunca tinha visto ou sabido da sua existência – uma falha no roteiro que faz eu lhe perguntar se você alguma vez sairia com um professor após, apenas, uma aula com ele. Estranho, não é?

:Conrs utilizou a desculpa de que Lily se apaixonou pelo professor e vice versa para levar apenas a um caminho: o sequestro, que fica bem claro que foi causado pelo docente. Resumindo, o propósito dessa parte é apenas introduzir as outras. Não se preocupe em conhecer os personagens, em explorá-los - a eles e à trama - porque não é necessário. O importante, e o que :Conrs com certeza pensou, é você entender que a protagonista foi raptada independentemente do que isso custar. E acredite, custou fatores como: Porque uma menina sairia com um professor que não conhece? De onde aparecem os personagens? Porque eles aparecem naquele determinado momento? Quem é esse personagem e qual sua importância na trama?

Substancialmente não acontece quase nada na 1.ª parte. Se :Conrs tivesse explorado o contexto da trama, se importar com os personagens - não só dizendo o seu nome vocalizado por outro - teria remediado muitos furos de roteiro. Como eu disse antes, tudo gira à volta do sequestro, tudo é gravado, escrito e editado para levar apenas a essa parte pouco interessando a apresentação da trama. 

Realmente, os erros são imensos e podiam ser cuidados, porque além disso, o diretor coloca uma péssima e pouco adequada trilha sonora (não há ponta por onde se pegue na sonoplastia) variando os estilos e as melodias não dando um tom, uma cor ao próprio filme. É quase uma produção anônima, sem qualquer identificação.

Os diálogos são feitos para, à semelhança do resto, causar emoção no espetador; não são fortes nem seguros, são escritos com o único propósito de passar a dor (que já o nome trás, contudo, em inglês) de alguns personagens. 

A parte técnica está mediana, já algo que :Conrs trazia de Sem Limites, a utilização do Chroma Key não está perfeita mas é visível que ela existe. Dentro das poucas coisas que se salvam vêm os cenários e o figurino, além de chamativos, bonitos e interessantes na medida do adequado à trama.

Não há nada a pedir nem nada de :Conrs deva ao cinema. A única coisa que o diretor pode fazer é melhorar isso sem pressas, pensando bem no roteiro, editando cuidadosamente. Se ele conseguir finalmente acertar no seu filme seria uma desculpa aos antecessores, como esse que sem reformas ou inovações não passa de uma reles iteração dos trabalhos antecessores. Deplorável.

4 Estrelas - Regular